cidadão kane / quando o cinema é eterno



Cidadão Kane, de Orson Welles (1915-1985), lançado em 1941 pela RKO Pictures, é amplamente considerado pela crítica como o maior filme de todos os tempos, por sua inventividade nas tomadas de câmara, nos efeitos especiais, na montagem, na encenação, na música e na narrativa.

Welles queria, como eixo do filme, uma personagem que encarnasse o sonho americano - a idéia de que qualquer pessoa pode atingir o sucesso pela iniciativa individual, numa América que dá oportunidade a todos. 

E, para criar essa personagem, tomou como fonte William Randolph Hearst (1863-1951),  poderoso empresário de publicações sensacionalistas que dominava a imprensa e a vida mundana de sua época.  

Em Cidadão Kane, Welles mostra o protagonista como um magnata da imprensa que chega ao topo da riqueza e do poder sem a menor preocupação com o custo ético que isso envolve. E que termina a vida na mais crua solidão. 

Diante da forma como foi retratado em Cidadão Kane, William Hearst promoveu uma verdadeira guerra ao filme, tentando destruir as cópias; vetando resenhas e publicidade em sua rede de publicações, pressionando as cadeias de cinemas a não exibi-lo e colocando contra Welles todo o sistema de produção de Hollywood. 

Com isso, o filme chegou a ser indicado a nove Oscars, mas recebeu apenas o de roteiro e o boicote à exibição o levou ao fracasso financeiro. Welles caiu em desgraça com os estúdios e teve a carreira reduzida a uma produção secundária como ator e diretor independente. 

Mas se tornou uma lenda em vida. E viveu o suficiente para ver Cidadão Kane celebrado como o maior de todos os clássicos do cinema. Leia Mais.

um corpo que cai / a espiral da paixão


Um corpo que cai é um dos mais belos e desesperados poemas de amor que o cinema jamais filmou. É uma das mais densas  explorações da paixão amorosa, com tudo que ela tem de força e poder, desmedida e descontrole.
   
Em Um corpo que cai, as personagens vão sendo possuídas pelo objeto da paixão e perdem a identidade própria, o que é uma espécie de morte. Ou lutam para  resgatá-lo da perda, o que, no fundo, é uma tentativa de resgatá-lo da morte. Não por menos, o filme se baseia numa novela chamada Dentre os mortos

A história é recheada de símbolos e maior deles é a espiral, com seu movimento circular e contínuo, lembrando o redemoinho dos sentimentos, a vertigem dos sentidos e o comportamento repetitivo da obsessão amorosa. Não por menos, o título original do filme é Vertigo. 
 
Nesta história de parar o fôlego, que é considerada sua obra-prima, Hitchcock leva o suspense às alturas e faz um uso primoroso da cor, da luz e sombra e das locações como recursos expressivos – lições que aprendeu de Friedrich Murnau e Fritz Lang, gênios do expressionismo alemão, quando trabalhou com eles na Berlim dos 1920. Leia Mais